Partiste.
Com a doçura e o medo da infância,
junto aos porquês e a felicidade do saber.
Senti falta.
Da falta de ar. Das noites absurdas,
do meu mais possível mundo fantástico.
Vais voltar?
Tive a sorte de uma doçura, a de Camila,
"Camila sonha", primeira lição das primeiras letras,
não consigo esquecer!
Partiste.
Meu primeiro amor e meu melhor olhar,
Tive os olhos de Camila arrancados,
Fiquei sem olhar.
Tato infeliz, sem paisagem olho desguiado,
Não te vi?
Partiste, visão?
Não, não consigo esquecer!
Recupero Camila, recupero a visão,
tato pra fora, como antes,
Nunca partiste,
volto a sentir-te.
terça-feira, 4 de maio de 2010
quinta-feira, 22 de abril de 2010
pintando meu atelier
"Para mim um quadro tem que ter algo de amável, agradával e lindo, sim, tem que ser lindo. Há demasiadas coisas desagradáveis no mundo, de forma que não é necessário produzir mais."
(Pierre-Auguste Renoir)
- Minha amiga, mas o porquê de tanto silêncio? Sinto falta do conforto de falares por mim...
- Falar por ti? Desde quando?
- Desde sempre. Desde que és tu, e somente tu, que o fazes. Acumulaste uma porção de coisas a dizer que meu coração não me leva ao verbo.
- Desculpa o silêncio. Não tinha palavras. Ou até as tinha, mas melhor mesmo era não dizê-las. Até vi teu sofrimento, não que eu estivesse bem, não! Só não tinha ou não queria dizer palavra.
- Então?
- Esperava a palavra certa. Esperava sentir o belo para te falar do sublime. Ainda estou pensando...
- No que falar?
- Não. Nessa coisa de belo e sublime...uma pintura...
-Quero verbo!
- A gente cria do mesmo jeito! Não é bem criar, não quero parecer cética em relação à alegria de viver. Não é isso! Mas a gente cultiva, entende? E no final das contas a gente pensa em imagens, não deixa de ser pintura!
-E a gente fica feliz, é isso?
- Não necessariamente...sinto...mas também não é impossível. Veja, podemos contemplar e, por assim dizer, viver o gozo da beleza produzida.
- Produzida por quem? Que andaste fazendo durante todo esse longo silêncio?
- Nada! Contemplando um monte de coisa feia! Justamente por isso que digo, nem queria falar, no máximo algumas injúrias...mas tese e antítese, é batata, o arqui-inimigo do grotesco é o nosso tão falado sublime!
- Sei...sublime...
- Tem muito por aí...sério!
- Estás falando, isso é o que importa. Falas, meu coração verborrágico!
- E por acaso o feio precisa de palavras? Falemos do belo! Não estou pintando meu atelier!
(Pierre-Auguste Renoir)
- Minha amiga, mas o porquê de tanto silêncio? Sinto falta do conforto de falares por mim...
- Falar por ti? Desde quando?
- Desde sempre. Desde que és tu, e somente tu, que o fazes. Acumulaste uma porção de coisas a dizer que meu coração não me leva ao verbo.
- Desculpa o silêncio. Não tinha palavras. Ou até as tinha, mas melhor mesmo era não dizê-las. Até vi teu sofrimento, não que eu estivesse bem, não! Só não tinha ou não queria dizer palavra.
- Então?
- Esperava a palavra certa. Esperava sentir o belo para te falar do sublime. Ainda estou pensando...
- No que falar?
- Não. Nessa coisa de belo e sublime...uma pintura...
-Quero verbo!
- A gente cria do mesmo jeito! Não é bem criar, não quero parecer cética em relação à alegria de viver. Não é isso! Mas a gente cultiva, entende? E no final das contas a gente pensa em imagens, não deixa de ser pintura!
-E a gente fica feliz, é isso?
- Não necessariamente...sinto...mas também não é impossível. Veja, podemos contemplar e, por assim dizer, viver o gozo da beleza produzida.
- Produzida por quem? Que andaste fazendo durante todo esse longo silêncio?
- Nada! Contemplando um monte de coisa feia! Justamente por isso que digo, nem queria falar, no máximo algumas injúrias...mas tese e antítese, é batata, o arqui-inimigo do grotesco é o nosso tão falado sublime!
- Sei...sublime...
- Tem muito por aí...sério!
- Estás falando, isso é o que importa. Falas, meu coração verborrágico!
- E por acaso o feio precisa de palavras? Falemos do belo! Não estou pintando meu atelier!
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