sexta-feira, 12 de junho de 2015

non, rien do rien, meu bem

Non, rien de rien, meu bem.
O pouco não agrada, mas nos encantamos com o tudo.
As enormidades nos enchem os olhos e o coração, não?
O amor chega grande e contagia tudo que há em volta.
A vida fica plena, cheia, gorda. É tudo um exagero.
Exagero de felicidade. Peito feliz, coração exagerado.
O problema é que todo exagero carrega o fantasma do nada.
O dia do muito é a véspera do pouco, non?
Acabou a festa? É domingo à noite? O amor acabou?
O oco é muito pouco para quem viveu o muito, obviamente.
A pausa musical é tão linda quanto angustiante.
Rien de rien. E respira que virão os próximos acordes.


domingo, 7 de junho de 2015

meu tempo não é agora


Não sei se já disse que tenho uma verdadeira paixão por aqueles pintores impressionistas do século XIX. Monet, Renoir, Cézanne, todos maravilhosos! Ou será o século? A paixão?

Renoir, o pintor da vida, como era chamado, bem que podia ser um amigo meu, primo,  irmão, compadre talvez. O ano é o de 1876 e me vejo perfeitamente bem, rodeada de amigos, dividindo uma conversa e algumas danças numa bela tarde de domingo. Ou sábado, ou não importa o dia. Eu era feliz!
                                                            Renoir, Le Moulin de la Galette, 1876.

Monet, me lembro bem daquele nascer do sol tão especial. Conversamos a noite inteira, sobre diversos assuntos, sobre a vida, sobre o mundo, amenidades. Época boa, onde as pessoas olhavam nos olhos, uns dos outros, conversavam e respeitavam os respectivos silêncios. Havia silêncios! Naquela noite/dia, voltei para casa com a melhor das impressões.

                                                            Monet, Impressão, nascer do sol, 1872.

Pois bem, o ano é de 2015, e não escrevo nada por aqui há um bom tempo. É que, infelizmente, diferente do que acha o poeta, meu tempo não é hoje. Ando descontente com o mundo, com as pessoas e seus hábitos, comigo mesma, com os jornais, com o mundo e confesso uma imensa inabilidade em lidar com essas coisas do agora. Por outro lado, sinto que a escrita me consola, me comove, me melhora. Então, meus amigo, vejamos no que vai dar. 

PS. Tenho saudades. Dos amigos que não tive e dos que tive. Dos poetas e pintores. Dos livros que li. Das alegrias e tristeza que já tive. Sofro de saudade aguda. Saudade o tempo todo. Estava com saudades de escrever aqui.