Definitivamente a hora mais prazerosa do dia. Não porque chego ao fim de mais um dia de trabalho e portanto estou livre de obrigações, posso fazer nada ou qualquer coisa, mas porque de fato gosto dos finais de tarde. Em minha cidade melhor hora não há. Recife ganha novas cores no final do dia. E ares, novos ares que conduzem num som mais calmo a correria da cidade. O amarelo escuro parece fazer o movimento mais calmo. Eu ando mais devagar no final da tarde. Moleza solar quando o sol esfria. Parece que o trânsito esquece a corrida para contemplar em silêncio as suas margens.
Cidade de margens, nem sempre nos viramos ao leito.
Carros pisando em ovos. Paramos para ver o movimento da paisagem.
Hum, sei que as cores do dia também mudam no resto do mundo. Mas são outros sóis, são outros mundos. Imagino pólos sem sóis ou sóis que não findam. Sairia do trabalho sem quebras no dia. Preciso sentir a ruptura do tempo. Aí eu páro e recomeço ou mudo a marcha.
Mas voltando aos sóis de minha cidade, às vezes acho que desaceleramos porque hipnotizados.
Vontade de tomar uma cerveja. Deixo outros planos de lado. Tenho que fazer algo importante ainda hoje. Páro para ver as pessoas caminharem lento enquanto bebo uma cerveja. Penso em imagens. São várias tardes em quadrinhos.
Será que gosto mesmo dos finais de tarde ou serão as noites, mérito da continuidade, que lhes tomam o lugar magistralmente?
Não há quebras entre as tardes e as noites. São como dois amantes que se encontram para uma única valsa, frágeis momentos que lhes escapam contrariamente, fio tênue entre a matéria e a não-matéria de um e outro.
Peço outra cerveja, caminho em direção ao marco zero da cidade, espero o momento da dança. Miro o leito da valsa. Penso em tudo que ainda preciso organizar quando chegar em casa. Encosto o corpo no pára-peito que separa praça e rio. Está tudo muito amarelo e se não fosse minha respiração mais forte por conta da caminhada poderia ouvir os passos da valsa.
De olhos fechados penso que logo será noite. Terei que ir para casa. O encontro amoroso. Ele prepara a chegada dela, meia-luz, pede silêncio às margens, ela chega e atrás dela os primeiros holofotes. Não demora muito e já se vão os amantes. Resta outa luz. Resta a saudade do breve, o prestes a acontecer. Nós restamos sentindo, como penetras, o perfume de um baile que não é nosso. Nos convidamos. Noites iluminadas em quadrinhos.
Lembro-me da cerveja que esquentara enquanto trocada pelo espetáculo. A próxima sorvo em goles rápidos. As pessoas voltam a caminhar depressa. Costas às margens. Apresso-me conforme. Tenho poucas horas para arrumar tudo antes que meu vôo parta.
Cidade de margens, nem sempre nos viramos ao leito.
Carros pisando em ovos. Paramos para ver o movimento da paisagem.
Hum, sei que as cores do dia também mudam no resto do mundo. Mas são outros sóis, são outros mundos. Imagino pólos sem sóis ou sóis que não findam. Sairia do trabalho sem quebras no dia. Preciso sentir a ruptura do tempo. Aí eu páro e recomeço ou mudo a marcha.
Mas voltando aos sóis de minha cidade, às vezes acho que desaceleramos porque hipnotizados.
Vontade de tomar uma cerveja. Deixo outros planos de lado. Tenho que fazer algo importante ainda hoje. Páro para ver as pessoas caminharem lento enquanto bebo uma cerveja. Penso em imagens. São várias tardes em quadrinhos.
Será que gosto mesmo dos finais de tarde ou serão as noites, mérito da continuidade, que lhes tomam o lugar magistralmente?
Não há quebras entre as tardes e as noites. São como dois amantes que se encontram para uma única valsa, frágeis momentos que lhes escapam contrariamente, fio tênue entre a matéria e a não-matéria de um e outro.
Peço outra cerveja, caminho em direção ao marco zero da cidade, espero o momento da dança. Miro o leito da valsa. Penso em tudo que ainda preciso organizar quando chegar em casa. Encosto o corpo no pára-peito que separa praça e rio. Está tudo muito amarelo e se não fosse minha respiração mais forte por conta da caminhada poderia ouvir os passos da valsa.
De olhos fechados penso que logo será noite. Terei que ir para casa. O encontro amoroso. Ele prepara a chegada dela, meia-luz, pede silêncio às margens, ela chega e atrás dela os primeiros holofotes. Não demora muito e já se vão os amantes. Resta outa luz. Resta a saudade do breve, o prestes a acontecer. Nós restamos sentindo, como penetras, o perfume de um baile que não é nosso. Nos convidamos. Noites iluminadas em quadrinhos.
Lembro-me da cerveja que esquentara enquanto trocada pelo espetáculo. A próxima sorvo em goles rápidos. As pessoas voltam a caminhar depressa. Costas às margens. Apresso-me conforme. Tenho poucas horas para arrumar tudo antes que meu vôo parta.