terça-feira, 2 de julho de 2019

VIII. Sereno

Naqueles dias de beira de estrada, de pausa necessária, o sereno temperava tudo quando amanhecia.
Frágeis horas que filtravam as nossas cabeças naquele pouso sem mobília.
Queria que aquela morada impossível, a ceu aberto, fosse infinita.
Queria a estrada sem despedidas.
Sentia apertar no peito aquilo que não seguiria.
Outras beiras, outros pousos, outros encostamentos. Ficaremos mais um dia.
Pensei em dizer tudo que sentia. Fazer promessas, te segurar forte, me apegar àquela moradia.
Afasia. Da minha boca saíram ideias outras contrárias ao que pretendia.
Das ideias restaram nossos corpos quentes do calor do dia.
Os corpos calaram. Amanhã serenaremos logo cedo, deixando pra trás tudo que foi aquela estadia.

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