Do lado da cá, entre tantos anônimos, espero as cortinas subirem. Ainda nem começou e já temo pelo seu fim.
Que horas são?
Ah, deliciosa espera! Atraso bem-vindo, se demora a começar mais tarde há de terminar! Apaixonei-me por um músico.
Vai começar, novamente tenta puxar assunto meu vizinho.
Assim me rouba parte do êxtase dessas horas. Prefiro o silêncio. Trancar-me em devaneios, sonhos que pelo menos agora julgo justos para mim. O palco respalda todos os outros mundos que alguns dizem impossíveis, mundos mais felizes e belos, mundos em que a imaginação coreografa, dirige, pinta e borda como quiser.
Hã? Vou apagar meu vizinho do cenário.
Sou uma apaixonada convicta! Pela música e pelo músico. Confesso que não sei o que veio primeiro. Segui a música, mas quando percebi não podia mais perder o músico de vista. Sou funcionária para vê-lo tocar. Passo o dia quase não trabalhando de tanto esperar. Quando ele sai de casa, estou chegando do trabalho e já corro para lhe acompanhar.
Meu vizinho agora fala gratuitamente para me perturbar. Sem virar o rosto, quero que fique claro meu aborrecimento, digo que não concordo. Não, a música não é a melhor invenção do homem. A música nem é invenção do homem! Abuso!
Esse último por causa das palmas resumiu-se a um uuuso. Melhor, uma discussão agora me roubaria a outra parte do êxtase.
O problema são suas mãos. Ágeis namoradas que dançam conscientes do feitiço que podem causar. Instrumentos encantados. Serpentes dançarinas que chocalham hipnotizadas pelo seu tocar. Sorriso zombeteiro, estou apaixonada pelo artista que já não sei mais conceituar. Se é mágico ou dançarino não sei ao certo, mas agora convicta que encantada primeiro pelo músico depois por seu batucar. E ele nem é bailarino, mas posso deixar de ser funcionária para lhe acompanhar.
O danado mudou meu cenário. Agora segura conchinhas do mar. Chocalha, choacalha, namoradas salientes, novamente me faço naja, me balanço em ondas imaginárias, subo ao palco para dançar. Convicta pela música e depois pelo músico.
Muito interessante isso, diz meu vizinho.
Molhado, respondo secamente.
Deita o mar no palco bem devagar e novamente muda de lugar. Apaixonei-me por um zombeteiro, quando ele sorrir, percebo o perigo, em apuros deixo ele zombar.
Vai terminar. As cortinas, minhas cúmplices, marcam a hora em que o deixo e volto a esperar.
Apaixonada convicta. Antes era a música, agora é somente ele. Meu músico.
Que horas são?
Ah, deliciosa espera! Atraso bem-vindo, se demora a começar mais tarde há de terminar! Apaixonei-me por um músico.
Vai começar, novamente tenta puxar assunto meu vizinho.
Assim me rouba parte do êxtase dessas horas. Prefiro o silêncio. Trancar-me em devaneios, sonhos que pelo menos agora julgo justos para mim. O palco respalda todos os outros mundos que alguns dizem impossíveis, mundos mais felizes e belos, mundos em que a imaginação coreografa, dirige, pinta e borda como quiser.
Hã? Vou apagar meu vizinho do cenário.
Sou uma apaixonada convicta! Pela música e pelo músico. Confesso que não sei o que veio primeiro. Segui a música, mas quando percebi não podia mais perder o músico de vista. Sou funcionária para vê-lo tocar. Passo o dia quase não trabalhando de tanto esperar. Quando ele sai de casa, estou chegando do trabalho e já corro para lhe acompanhar.
Meu vizinho agora fala gratuitamente para me perturbar. Sem virar o rosto, quero que fique claro meu aborrecimento, digo que não concordo. Não, a música não é a melhor invenção do homem. A música nem é invenção do homem! Abuso!
Esse último por causa das palmas resumiu-se a um uuuso. Melhor, uma discussão agora me roubaria a outra parte do êxtase.
O problema são suas mãos. Ágeis namoradas que dançam conscientes do feitiço que podem causar. Instrumentos encantados. Serpentes dançarinas que chocalham hipnotizadas pelo seu tocar. Sorriso zombeteiro, estou apaixonada pelo artista que já não sei mais conceituar. Se é mágico ou dançarino não sei ao certo, mas agora convicta que encantada primeiro pelo músico depois por seu batucar. E ele nem é bailarino, mas posso deixar de ser funcionária para lhe acompanhar.
O danado mudou meu cenário. Agora segura conchinhas do mar. Chocalha, choacalha, namoradas salientes, novamente me faço naja, me balanço em ondas imaginárias, subo ao palco para dançar. Convicta pela música e depois pelo músico.
Muito interessante isso, diz meu vizinho.
Molhado, respondo secamente.
Deita o mar no palco bem devagar e novamente muda de lugar. Apaixonei-me por um zombeteiro, quando ele sorrir, percebo o perigo, em apuros deixo ele zombar.
Vai terminar. As cortinas, minhas cúmplices, marcam a hora em que o deixo e volto a esperar.
Apaixonada convicta. Antes era a música, agora é somente ele. Meu músico.
6 comentários:
muito ruim
Contundente e doce, lindo!
Mazel tov!
Lírica, suave, simple e leve.... dessas histórias que a gente ler devargarzinho pra não acabar logo!
Nem que sejam transparentes, cortinas não revelam. Sempre aparecem como um convite para o que está por trás. Sobe-te sésamo!!
adorei :) entendo tão bem...
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