quarta-feira, 7 de outubro de 2009

uma canção

To everything, turn, turn, turn
There is a season, turn, turn, turn
And a time for every purpose under heaven
Eu não sei o tempo dos ventos sem as horas marcadas.
Da natureza do envelhecimento das ondas,
Da volta, elas nada contaram...
Quanto tempo marcaram?
Passa, passa, passaram,
Atraso ou adianto,
nunca alcanço seu tempo.
Talvez, somente, os marinheiros possam ouvir a lua!

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

penumbra

Fiz uma lista das arestas e frestas que te deixavam escapar aos pedaços.
A noite inteira com a cara clara, operária de rédeas e cabresto,
tecendo a alvenaria dos cheios e vazios, sóbria, não sei de quais espaços:
Cheio, Vazia; Vazio, Cheia; mirando os buracos no espaço da viseira.
Viseira estúpida que me guiou por ângulos tão retos e cantos desencontrados,
e a pá que espalhava a massa não cabia na mira do seu holofote quadrado,
Tapei ventos, sussurros e cantos que me enfeitiçavam,
mas acontece que ainda assim quando era dia a cela clareava.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

uma outra coisa

- Finalmente, que queres dizer?
- Já disse, não consigo outras palavras...
- Mas não entendi o que disseste.
- Ah, mas é porque não disse tudo...
- Então fala!
- Estou pensando...como é mesmo que digo isso...eu sei mais ou menos o que é, não tem assim uma forma... como chama?...que agonia!
- mas é o quê, substantivo abstrato?
- Não, não, é bem concreto...tá aqui em minha cabeça... bom, bom...
- É ruim?
- Não...também não sei se é bom...tu não sentes também?
- Ah, e como diabos vou saber!
- Já sei! Ah, agora eu sei...
- Fala logo!
- Não dá. Ainda preciso inventar um nome.

sábado, 6 de junho de 2009

sonhos opacos

sonhos opacos naquele quarto de sobrado
no andar de cima, teto sem forro, deito.
uma luz amarela entre mim e as telhas
a mesma luz que da rua olho em outros quartos
penso nos sonhos alheios e suas camas
saudade de minhas horas, do acalanto das telhas
gosto da luz que não basta, da opacidade do ar,
pensamentos turvos infinitos, opacos
da janela, a minha, a rua opaca
da rua, a janela, de outros, opaca
entre aqui e lá, a opacidade do ar
partículas que criam milhões de formas

veio a chuva
limpou tudo
o que antes era um sonho opaco
agora é a transparência do real.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

prólogo



Tempestade, meu amor!
Sou forte pois trago o instinto e a luta dos meus ancestrais. Juntos lutamos contra mim mesmo. Sorrio da minha razão que se perde em meus sonhos onde há tanto mais terror mas nada me faz temer. Abro-te as portas!
Abro milhões de portas de milhões de casas minhas. Tudo que vivi e não sabia está aqui. Esse é o meu palco com o cenário que eu quiser. Nos enfrentemos aqui. Os Deuses e a platéia estão comigo.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

amante do inconsciente

Se se sonha muito mais do que se mantém acordado, ou quando acordado mantém-se quase sempre sonhando, quem de fato está vivendo, o médico ou o monstro?
Invertido os papéis, deu-se que o universo desconhecido e sombrio da minha mente, ou se preferes a minha alma, dominou-me a ponto de ultrapassar a concretude do meu consciente. Sonhos. Sirvam como as únicas e verdadeiras experiências do meu ser!