sábado, 6 de junho de 2009

sonhos opacos

sonhos opacos naquele quarto de sobrado
no andar de cima, teto sem forro, deito.
uma luz amarela entre mim e as telhas
a mesma luz que da rua olho em outros quartos
penso nos sonhos alheios e suas camas
saudade de minhas horas, do acalanto das telhas
gosto da luz que não basta, da opacidade do ar,
pensamentos turvos infinitos, opacos
da janela, a minha, a rua opaca
da rua, a janela, de outros, opaca
entre aqui e lá, a opacidade do ar
partículas que criam milhões de formas

veio a chuva
limpou tudo
o que antes era um sonho opaco
agora é a transparência do real.