segunda-feira, 10 de junho de 2019

enchente

Eu me lembro de pensar no absurdo como uma poeira densa que cobre tudo,
apagando os contornos das nossas certezas todas,
nos calando a boca diante do indizível mais impossível,
distorcendo o mundo pelas lentes dos piores seres,
oprimindo nossa pele, nossa fé, nossos amores,
fazendo arder os olhos com o pó vil da maldade.

Acontece que choveu muito nessa madrugada.
Chuva forte que limpou toda poeira do céu,
varreu as ruas, drenou corações afogados, desaguou esperança,
limpou nossas pupilas
e nos deixou em festa,
perplexos com a beleza que a liberdade da verdade nos dá.

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