quinta-feira, 13 de junho de 2019

VI. O jantar

Precisei buscar umas coisas no mercado. Optei por ir à feira livre. Respirar outros ares não impregnados dos nossos seres que fazem vapores proibidos. Rua, calçada, banca, gente inocente dos verbos por nós proferidos. Não pude disfarçar o sorriso. Percebi que teu cheiro estava comigo. Teu? Sorri de novo. Nossos indivíduos. Meu cheiro muda contigo, alquimista. Comprei tudo que era preciso. Mais gente. Olhares que me julgam e acertam o meu mais proibido. Duvido. É que gosto de caminhar mesmo quando não há motivo. Melhor, caminhar é o meu motivo, mas às vezes o pouso é preciso. Senti saudade do ar opaco do nosso recinto. Volto apressada com a sacola com as coisas do jantar que com muita certeza não será possível. Não antes do imprescindível.

Um comentário:

Anônimo disse...

Acompanho vc faz algum tempo, querida, e ao longo destes anos senti um amadurecimento incrível nos seus textos.
Peço apenas que continue alegrando e encantando nossos dias, que andam tao sombrios, com a luz da sua poesia.
Beijo grande
De apenas mais um admirador perdido na multidão.